14 de jun. de 2005
Minha trilha sonora
Deus é um cara gozador
Adora brincadeira
Pois pra me jogar no mundo
Tinha o mundo inteiro
Mais achou muito engraçado
Me botar cabreiro
Na barrigada miséria
Nasci brasileiro
(...)
Deus me fez um cara fraco
desdentado e feio
Pele e osso, simplesmente
Quase sem recheio
Mas se alguém me desafia
E bota a mãe no meio
Eu dou porrada a três por quatro
E nem me despenteio
Porque eu já tô de saco cheio
[.]
- Chico Buarque é meu verdadeiro pai. Cássia Eller era minha irmã?
Adora brincadeira
Pois pra me jogar no mundo
Tinha o mundo inteiro
Mais achou muito engraçado
Me botar cabreiro
Na barrigada miséria
Nasci brasileiro
(...)
Deus me fez um cara fraco
desdentado e feio
Pele e osso, simplesmente
Quase sem recheio
Mas se alguém me desafia
E bota a mãe no meio
Eu dou porrada a três por quatro
E nem me despenteio
Porque eu já tô de saco cheio
[.]
- Chico Buarque é meu verdadeiro pai. Cássia Eller era minha irmã?
6 de jun. de 2005
A botinada no chão
"Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário."
Manoel de Barros, Livro sobre nada.
[mis notas sobre soledad]
Não tenho tido mais pressa nesses tempos pois comprei uma bota nova. Segredo de alpercata, repassado pelo velho Gavião. Enquanto a botina é nova, teu piso é de cuidado, há estima pelo dinheiro investido, é por consequência um andar mais atento. Também não fui de acreditar em bobices. É que no andar mais atento, acontece mais coisas pelo caminho. Assim, há agora esse disse-não-disse com a velharia da igreja. Continuo sem entender as rezas estarem sempre miradas para o céu, quando, é no chão que se pode ler a antologia do mundo. Há um terreno do entendimento díficil de pisar sem aterrar - ainda mais eu que agora tenho minhas preocupações de botina nova. Observo o umbigo dos guris. Uns maltratos, vida de coisa díficil, dou graça que sobrevivi no limbo da meninice e a barba de bigode. A infância é tão traumatizante que veja só o que gera: adultos.
Manoel de Barros, Livro sobre nada.
[mis notas sobre soledad]
Não tenho tido mais pressa nesses tempos pois comprei uma bota nova. Segredo de alpercata, repassado pelo velho Gavião. Enquanto a botina é nova, teu piso é de cuidado, há estima pelo dinheiro investido, é por consequência um andar mais atento. Também não fui de acreditar em bobices. É que no andar mais atento, acontece mais coisas pelo caminho. Assim, há agora esse disse-não-disse com a velharia da igreja. Continuo sem entender as rezas estarem sempre miradas para o céu, quando, é no chão que se pode ler a antologia do mundo. Há um terreno do entendimento díficil de pisar sem aterrar - ainda mais eu que agora tenho minhas preocupações de botina nova. Observo o umbigo dos guris. Uns maltratos, vida de coisa díficil, dou graça que sobrevivi no limbo da meninice e a barba de bigode. A infância é tão traumatizante que veja só o que gera: adultos.
4 de jun. de 2005
Um casal de solidões
"Na nossa terra, um homem é os outros todos."
Mia Couto, O último voo do flamingo (p. 140).
[mis notas sobre soledad]
[...]
Mia Couto, O último voo do flamingo (p. 140).
[mis notas sobre soledad]
- Por quê a maior altura que conheço não coube em nenhum homem?
- É que há um limite. Passado este, não se enxerga mais homem.
- Não entendo, era tudo muito sem dúvidas antigamente. Hoje, já desconheço mais esses que fazem a gente.
- É impressão, perceba que continuamos os mesmos, um pouco mais evidentes, mas os mesmos.
- Vejo alturas mas não enxergo mais homens. É uma doença?
- Não. Se isso não te matasse tanto, diria até que é remédio. É que seu olhar ultrapassou a miúdeza dos homens. Tente se distrair com os pássaros enquanto sobrevivemos.
- É que há um limite. Passado este, não se enxerga mais homem.
- Não entendo, era tudo muito sem dúvidas antigamente. Hoje, já desconheço mais esses que fazem a gente.
- É impressão, perceba que continuamos os mesmos, um pouco mais evidentes, mas os mesmos.
- Vejo alturas mas não enxergo mais homens. É uma doença?
- Não. Se isso não te matasse tanto, diria até que é remédio. É que seu olhar ultrapassou a miúdeza dos homens. Tente se distrair com os pássaros enquanto sobrevivemos.
[...]
J.D. Salinger e Paul Auster
Acordei como um personagem de Salinger e dormi como um personagem de Auster.
3 de jun. de 2005
Soundtrack
Recebe debaixo da porta. Sim, o CD conseguiu passar. É a trilha sonora do nosso amor. Escute de olhos fechados. Dizia na capa. A primeira música tinha uma nota só. Sim, ela conseguiu. Conseguiu colocar naquele CD o audio do nosso amor. Das músicas românticas aos gemidos - nunca soube porque ela gravava. Estava tudo ali.
De repente, uma música engasgando no aparelho. O CD do nosso amor estava arranhado, na metade.
Foto de minha amiga T. Cangussu
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