6 de jun. de 2005

A botinada no chão

"Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário."
Manoel de Barros, Livro sobre nada.

[mis notas sobre soledad]

Não tenho tido mais pressa nesses tempos pois comprei uma bota nova. Segredo de alpercata, repassado pelo velho Gavião. Enquanto a botina é nova, teu piso é de cuidado, há estima pelo dinheiro investido, é por consequência um andar mais atento. Também não fui de acreditar em bobices. É que no andar mais atento, acontece mais coisas pelo caminho. Assim, há agora esse disse-não-disse com a velharia da igreja. Continuo sem entender as rezas estarem sempre miradas para o céu, quando, é no chão que se pode ler a antologia do mundo. Há um terreno do entendimento díficil de pisar sem aterrar - ainda mais eu que agora tenho minhas preocupações de botina nova. Observo o umbigo dos guris. Uns maltratos, vida de coisa díficil, dou graça que sobrevivi no limbo da meninice e a barba de bigode. A infância é tão traumatizante que veja só o que gera: adultos.

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