21 de set. de 2006

O homem vazio e a mulher sem calcinha - II

La femme
Não me importo de estar com o nome sujo. Eu não acho que meu nome seja sujo. Isso é uma conspiração, para você se sentir suja, imunda, nojenta, e pagar esses porcos em dia. E se estiver sujo, que mal há nisso? Sujeira é vida, é coisa nossa, coisa do corpo. Suor me dá tesão.
Mas eu sou realmente angustiada, essa ansiedade, eu tento fazer o exercício que a terapeuta ensinou, mas não consigo me controlar, parece que está tudo aí demais, pisco o olho e sai do meu controle, tá aí, ali, aqui, que merda. Acho que aquele filha da puta gostoso tá olhando pra mim. Mas que filha da puta. Totalmente filho da puta, se não fosse gostoso eu mesmo daria um chute nos bagos dele. Ai, mas que filha da puta, tá olhando pra mim. Corno. Dá vontade de casar com ele só pra cornêa-lo. Corno gostoso. Maldito. Eu não tenho problema com homem, digo, assim, não sou feminista. Óbvio que gosto de homem. Meu problema é com filho da puta. Ai, que angústia. Preciso ser salva. Algum idiota tímido e intelectual, algum poeta cretino e cavalheiro, algum bunda mole meigo, porra, se ninguém aparecer eu vou acabar dando para aquele filho da puta gostoso.

L'homme
Eu acho o silêncio uma coisa tão bonita, mas assim, tão frágil, sabe? Qualquer barulhinho arranha o silêncio.

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