5 de nov. de 2006

bocejo

A morte noticiada é quase como um bocejo. De maneira que foge do controle o bocejo daquele homem ali, meio alto e com cara de pão sírio, gera um bocejo quase que reclamando a antologia de um sono que não existe, a insônia deixando pegadas pelos dentes. Então a notícia da morte, mesmo essa, quase longe não fosse a proximidade da palavra, reclama de outras mortes, sem controle, a memória boceja ao coração outras mortes, outros sonos, são meus dentes. E quando ele morre dormindo, a notícia sem sono chega acordando sem cabimento as gavetas sem verniz. Então, bocejo, sinto esse sono doloroso da morte, e logo depois retorno. Daniel morreu um pouco das minhas mortes também.

"Afinal , quem sou?
Como traduzir-se
quando a tradução
pode ser a mais pungente morte
da arqueologia de mim
a sete chaves secretamente embalsamada?"

Daniel Cruz Filho

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