6 de abr. de 2008

impasses

Porque falar de amor é falar de todos os assuntos realmente relevantes. My blueberry nights é bonito e simples, um punhado de diálogos delicadamente costurados nesse estranho tecido das relações. Não sabemos perder. Não sabemos nos perder. Insistimos numa ilusória eternidade por pura covardia de compreender-nos melhor, o tempo, a vida, o outro. Ninguém é capaz de sobreviver sem matar. Escolhas são pequenos assassinatos no cotidiano. Displicente, carregamos nosso próprio cemitério de impasses. Como é possível suportar dizer adeus para alguém que você até pouco tempo nem conseguia imaginar viver sem? Norah Jones pergunta no filme. Não sei. Mas sei que não dá para ficar nesse eterno movimento de atualização de velórios. Se não há como aprender a morrer, que surja mais sabedoria para matar. Porque a vida pede passagem. Wong kar wai é um Vinicius de Moraes oriental que decidiu fazer filmes ao invés de música. Que seja eterno, enquanto dure. E que seja terno, como sugere Otis Redding na trilha do filme.

"(...)
now it might be a little bit sentimental no
but she has her greavs and care
but the soft words they are spoke so gentle
yeah yeah yeah
and it makes it easier to bear
oh she wont regret it
no no
them young girls they dont forget it
love is their whole happiness
yeah yeha yeah
but its all so easy
all you got to do is try
try a little tenderness
(...)"

Otis Redding é um chute impiedoso. Maravilhosamente impiedoso.

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