13 de ago. de 2011

O mais fiel

O impossível é provavelmente o parente mais fiel. O pai falta, a mãe nem sempre vai poder. O tio divertido perde a graça. O avô sempre dura pouco. O impossível permanece. Infilitra-se no cobertor e te conta histórias no ouvido. E você as vezes chama de sonho, as vezes de pesadelo, as vezes é apenas aquela voz por dentro que não dá pra silenciar. A natureza do vínculo que temos com o impossível transcende o próprio umbigo. É impossivel permanecer com o cordão umbilical pra sempre. O impossivel é quase sempre um eco, um silencio que diz. Mas sabemos que o impossível é fluente em todas as linguas. Ele se lambuza no dialeto do amor. Porque o amor é esse sentimento que tenta tornar o impossível um analfabeto. O amor esta sempre entre dois movimentos: debochar do retrato do impossível, assim, deslavadamente, ou borrar o mesmo retrato com lágrimas, quando torna-se inevitável reconhecer a paternidade do mesmo. É isso, o impossível tem um parentesco nômade. Não se aquieta em nenhuma casa desse tabuleiro.

"Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez."


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