9 de mai. de 2011

Um dia sem a palavra

Então a gente inventou a palavra amor, pra tentar organizar esse barril de pólvora que acende por dentro. Se tem nome, a gente pode chamar. Se tem nome, a gente pode escrever um bilhete. Se tem nome, o correio vai saber o destinatário. Amor. E se por um dia essa palavra deixasse de existir. Sumisse do dicionário, dos poemas, das canções, das bocas dos românticos, das pixações na rua. Um dia no mundo sem a palavra amor. Veja, só a palavra desapareceria. O que faríamos? Inventamos as palavras para serem nossos escudos entre coisas e sentimentos e nós mesmos. Sentir algo que não tem palavra é puro delírio. Por um dia, estaríamos de volta a sala da alfabetização. Em um dia, como a tia da escola iria nos ensinar a inventar uma palavra para essa coisa sem nome que nos move por dentro? Como distinguir isso de uma caganeira ou um ataque de euforia?  

Um dia sem a palavra amor, no mundo.

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