26 de abr. de 2011

Caminhos

Abro caminhos sem saber sobre sua serventia futura. Ligará o quê ao quê? Afluentes avulsos se encontram nas vias paralelas, comentam, falam de mim pelas perpendiculares. Abro caminhos sem saber quando estou asfaltando antigas estradas ou inventando novos chãos. Não pergunto, sigo, faço, ímpeto. Não é sempre assim. Abro caminhos sem saber da minha própria direção, porque minha sina está desamparada. Tudo é lazer, tudo é trabalho. Não escolhi uma vida com décimo terceiro. Então sei o peso de caminhar fantaseado de primeiro. Abro caminhos sem saber. A verve transborda nessas temporadas cheias de ausência do amor. Quando vier, teremos muito espaço para se perder, penso. Bobagem, e de bobagens também se compõe caminhos consistentes. Não há preparo. Existe só o ímpeto, um corpo atormentado que descobriu seu jeito de existir. Uns se recolhem, as vezes adoecem, esperam novas colheitas como se a entre-safra afetiva fosse um inverno. Eu não trabalho na perspectiva das estações. Nada me garante que haverá sequer um outono. O meu corpo é o caminho mais longo que já abri. 

A perspectiva é o asfalto dos pragmáticos. Eu, sigo no chão da minha introspectiva.

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