27 de abr. de 2005

Besta é tu, besta é tu

Embrulhou com papel bolhinha, se controlando para não dispersar o dia estourando e fazendo sorriso dos barulhos. Certificou-se da segurança do pacotinho e colocou numa caixinha da grife SEDEX, da renomada estilista dos correios. Hesitou em colocar o nome e endereço do remetente. Colocou só seu apelido de colégio. E deixou o endereço em branco. No destinatário, colocou o endereço de um lugar seguro, muito seguro. No pacote, estava seu coração. No fundo sabia que não há lugar seguro para enviar seu coração, mas queria ter pelo menos o alívio de alguns dias até o correio perceber que o endereço não existe. E o pacotinho iria cair no limbo do correio pois não tinha endereço para devolução, só o apelido do remetente.

O lugar mais seguro que conseguiu imaginar para enviar seu coração foi a memória do seu avô. Poucos dias depois, o pacotinho, de volta. O carteiro era seu amigo de infância. E mais, tinha sido o autor do apelido.

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