14 de abr. de 2005

Um ilustre desconhecido, Charles Mackase.

Prefácio (da edição de 1852) do livro Ilusões populares e a loucura das massas

“Encontramos comunidades inteiras que fixam de repente suas mentes em um objeto e enlouquecem à sua procura, que milhões de pessoas se tornam simultaneamente impressionadas por uma ilusão e correm para ela, até que sua atenção seja atraída para alguma loucura mais cativante que a primeira. Vemos uma nação de repente tomada, dos seus membros mais altos aos mais baixos, por um feroz desejo de glória militar; outra de repente se tornando enlouquecida em função de um escrúpulo religioso; e nenhuma delas recobrando seus sentidos até que tenham derramado rios de sangue e semeado uma colheita de gemidos e lágrimas para deixarem todo proveito a ser obtido somente por sua posteridade. Numa antiga época, nos anais da Europa, sua população perdeu o juízo sobre o sepulcro de Jesus e se reuniu em multidões frenéticas para procurar a Terra Santa. Em outra época, enlouqueceu por medo do demônio e ofereceu centenas de milhares de vítimas à ilusão da bruxaria. Em outro tempo, muitos se tornaram dementes a respeito da pedra filosofal e cometeram loucuras até não serem mais ouvidos em sua busca. (...) O dinheiro novamente tem sido muitas vezes a causa da ilusão das multidões. Nações sóbrias tornaram-se todas aos mesmo tempo jogadoras desesperadas e quase arriscaram sua existência num lance por um pedaço de papel. Traçar a história das mais proeminentes dessas ilusões é o objetivo dessas páginas. O homem, já se disse muito bem, pensa em bandos e se verá que eles enlouquecem em bandos, ao passo que só recobram a lucidez lentamente, e um a um."

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