14 de out. de 2005

de tanto bater meu coração parou - notas íntimas

É primavera de algum outubro ou as folhas também possuem livre-arbítrio?
Os dedos estão surdos, por isso sentem melhor o teu cheiro. O barulho anônimo e incessante esforça-se em vão. Mas os dedos continuam, valseando essa opereta como se nem vestissem mãos. O tempo não teve fôlego para subir até aqui. O vento subitamente fecha a janela. Não sei mais sobre a personalidade desses que, até então, não tinham vontades próprias. No silêncio, não há mais como a valsa desafinar. Os dedos perdem a leveza. Herdam os acordes do corpo inteiro, e pesam. O ínicio da dor trás consigo certa curiosidade. Mas logo passa. Os dedos surdos não ouviram os gemidos, os berros, nem o pedido implorando a pausa: pare, pare por favor. Por não lhe matar, eu salvei sua vida.

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