2 de jul. de 2007

dois meninos da paraíba

Quando um pai morre, não morre um homem: morre uma paternidade. É como se o corpo representasse uma entidade de pai, um corpo de semear.
Um pai nunca é enterrado, ele é plantado. Desimporta qual espécie de pai seja. Quando se planta um pai na terra, ironiza-se a trajetória da própria natureza: tornou-se semente depois de já ter árvore plantada. Sorridente, a mulher do jardim abraçou a árvore órfã com orgulho estranho: é como se ao plantar o pai, ela tivesse qualquer mérito pela filha colhida. Eu, que de tudo que nunca vi, guardo um pouco, não fui homem de achar defeito, também dei um só-riso de volta. Por essas, e nem digo também por outras, fico gestando algumas palavras sobre esse desacontecimento. Gosto quando sinto verbos revirando meu âmago, mas não é fácil lidar com uma dor de barriga que vira dor de alma. Pra acalmar, dou uma respiradinha. E pulo na árvore órfã para fazer um balanço de ir-e-devir.

E o menino de Sumé alcançava a risada daquele pai plantado cada vez que o balanço "caía no céu". A natureza outra vez dá risada: Um menino de Sumé vai, pro outro voar.

Faço de verdade que na Paraíba quem não é poeta, nem homem é. Quando me faltar lugar aqui, já sei pr'onde ir.

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