8 de mar. de 2009

Rascunho para cena

"Fazer a diferença".

Ele ouviu denovo mas dessa vez reagiu. Você sempre vai achar a vida sem sentido. Não importa se você vai se filiar ao greenpeace ou partir numa campanha contra a prostituição infantil no nordeste. Não adianta entrar para os doutores da alegria. Sua vida vai estar sempre assim. Cheia de vazio. Porque enquanto você envolve seus tantos anos nesse atordoante movimento de "fazer a diferença" de maneira grandiosa, do seu lado, continua sem nenhuma diferença, o mesmo, as mesmas pessoas obtendo as mesmas reações de você. Obviamente, assim como um herói revolucionário, você pode me dizer que as grandes causas tem grandes preços. Algo retumbante sobre a humanidade ter mais importância do que sua mediocridade cotidiana, mesmo que isso inclua até um filho. Um filho que é menos importante do que o mundo. Do que a mudança climática global, que os trabalhadores infantis, enfim. Eu não vim aqui para te condenar, e sinceramente nem acho que você seja culpado de nada. Já faz algum tempo que me afastei desse jeito simplista de ver a vida. Eu vim aqui porque por alguma razão inexplicável eu gosto de você. Eu vim aqui porque em algum lapso da sua peregrinação, você foi importante pra mim, falou coisas que mudaram minha vida num momento crucial, porque você me ouviu. Você fez a diferença pra mim, num desses lapsos. Fico me perguntando se ao invés de tentar mudar o mundo, você empenhasse mais energia a mediocridade. Mais energia ao teu filho. Começar a humanidade pelas pessoas que te amam.

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