26 de jan. de 2011

Fraco

Quando o sangue perde o interesse pelo corpo, ele fica sem cheiro. Só por alguns instantes, antes de entristecer-se e pegar o cheiro de morte. Foi nesse pequeno instante, que só se torna pequeno quando começa a habitar a memória, pois ali caberia um mundo de coisas, não há quem prove o contrário. Foi nesse pequeno instante, que ele disse, sem nenhum esforço, num último sopro de lucidez:

- Sempre que eu vejo muito amor, eu me sinto fraco.

Já fazem muitos anos que ele fechou os olhos, logo depois de ter dito isso, e nunca mais abriu.

Nenhum comentário: